Em
primeiríssimo lugar, você tem livre arbítrio para não ler esse texto daqui em
diante, se você acha que isso vai confrontar àquilo que você acredita.
Vivemos, hoje, num
tempo em que a maioria das pessoas acredita num tal de livre arbítrio, no qual
é possível barganhar com Deus através de jejuns, orações e campanhas absurdas, e
que inclusive admite a não soberania de Deus sobre algumas questões humanas,
como por exemplo, a conversão e mesmo algumas catástrofes naturais que dizimam
milhões de pessoas mundo a fora.
Supondo, então, uma “soberania relativa” de nosso Senhor
sobre a criação, como se explicam estes dois versículos?
“E agora diz o Senhor, que me formou
desde o ventre para ser seu servo, para que torne a trazer Jacó; porém Israel
não se deixará ajuntar; contudo aos olhos do Senhor serei glorificado, e o meu
Deus será a minha força”.
Isaías 49:5
Isaías 49:5
“Que anuncio o fim desde o
princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O
meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade”.
Isaías 46:10
Isaías 46:10
Em Isaías 49: 5, a
palavra diz muito claramente: “[...] que me formou desde o ventre para ser seu
servo [...]” Ou seja, como alguns cantam por aí, não se escolhe Deus. Ele é
quem escolhe, desde muito antes de poder-se escolher qualquer coisa que seja. E
em Isaías 46: 10 “Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as
coisas que ainda não sucederam.”. Ou seja, Ele já sabe as coisas que ainda
estão por acontecer. Não importa que seja a morte de uma mãe de família, um
tornado, uma torção no tornozelo. Trivial ou catastrófico, Ele sabe e Sua
vontade prevalecerá. Mas por que é que existem tantas pessoas acreditando e
pregando essa “soberania relativa” de
um Deus que é essencialmente soberano?
A resposta pode ser um
pouco dolorosa, mas em muitos casos é verdadeira. Não se trata de uma convicção
ideológica baseada em estudos teológicos. Trata-se de comodismo. Facilidade.
Dificuldade em aceitar o evangelho como ele realmente é. Preguiça de pensar na
fé que professa e aceitar conclusões que, para corações humanos (e mesquinhos),
soam dolorosas por demais. Esse comodismo, em geral, nasce de mentes que acham
que a Graça Divina foi criada para que não haja mais sofrimento neste mundo, ou
para acreditar numa justiça divina que transgride os próprios princípios para
“[...] que haja vida. E Vida em abundância”.
Afinal de contas Deus é amor, e quando acontece uma tragédia em nossas
vidas, o Criador não tem nada a ver com isso.
Até quando as pessoas
vão começar pensando assim, e terminar se perguntando “Se Deus é tão poderoso,
porque Ele não impediu os tsunamis que mataram milhares de pessoas no
oriente?”, por exemplo. E dessa maneira, ir questionando se realmente vale a
pena seguir esse Deus. Entender a soberania de Deus é o primeiro grande passo
para aceitar melhor as mazelas da vida nesse mundo. Pois Paulo mesmo disse que
em tudo seríamos atribulados, mas não angustiados. No caso específico dos
tsunamis, Deus tem sim poder para não deixá-los acontecer. Ele é onipotente.
Por que Ele deixou acontecer, então? Isso não é da conta de mentes humanas,
afinal, diz a Bíblia:
“Porque
assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos
mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que
os vossos pensamentos”. Isaías 55:9
Acreditar que Deus é
onisciente é um ato de Fé, porque raras serão as vezes em que poderemos entender
as coisas do jeito que Deus entende.
“Áh!!!
Então quer dizer que se eu, hoje, quiser sair da igreja, e fazer o que eu
quiser da minha vida, Deus não vai deixar, porque eu não tenho direito de
escolha?”
Fui confrontado com
essa pergunta pela benção da minha noiva. E a resposta, a princípio, pareceu a
mim bastante obscura. Mas hoje, se mostra muito clara. E é: Não!
Existe sim, uma vontade
humana que rege as nossas decisões em terra. Comer isso ou aquilo? Ir a essa ou
a essa igreja, hoje? Escolher esse ou aquele caminho? Existe uma impressão de que nós escolhemos essas coisas, mas Deus já sabia (já citei a onisciência, né?) Contudo, qualquer decisão
que vá interferir no nosso destino eterno, Deus já tomou por nós. Independente
do que nós queiramos ou pensemos disso.
Talvez o maior exemplo disso seja a história de
Jonas, que não queria ir pregar em Nínive (achava que ia ser uma furada, cem
por cento do povo era pagão, não iriam nem lhe ouvir). Pegou o seu barquinho
para Társis, e na nau, devido a uma grande tempestade, foi jogado ao mar, onde
uma suposta baleia o engoliu. Lá ele foi guardado por três dias e três noites, no estômago da criatura, e depois foi vomitado na terra firme. Adivinhem vocês, meus queridos, para onde
ele foi depois disso? Nínive, é claro. E lá o milagre de Deus aconteceu, pois
todos se converteram.
Jonas, como servo do
senhor, teve escolha?
O ser humano busca a
santificação (que vem do Senhor, através da justificação na cruz), porque a sua
escolha natural é o pecado, e a santificação do pecador é propósito de Deus nas nossas vidas. Se fazemos algo bom, ou “escolhemos” algo de Deus
para nossa vida, é porque Deus, em sua soberania, com sua vontade santa, boa e
agradável, quis isso para nós também. Por isso se diz que Cristo está em nós, e
nós estamos em Cristo. Porque não há bondade sem Cristo. Não existe escolha boa
para o ser humano, pobre pecador, sem inspiração divina. Se pensarmos o contrário,
acharemos que a conversão é um evento natural, que acontece em algumas pessoas
que “se tocam” do pecado que vivem, e da salvação que precisam. A salvação é um
milagre que Deus faz no coração das pessoas, pois sem o agir de Deus, como
poderiam se livrar de seus maus caminhos.
O fim do livro de Jonas
é bastante peculiar. Jonas se entristece, porque ele percebe que estava errado
e que Deus estava certo (~dããã~) quanto a Nínive. Pois, pelo poder de Deus,
através da boca de Jonas, toda uma cidade que fedia a pecado se converteu.
Quando Jonas estava curtindo uma fossa, Deus fez com que uma planta nascesse.
Jonas se alegrou ao vê-la, mas Deus mandou que um inseto a devorasse. E Jonas
mais uma vez se entristeceu, ainda sem entender. Por fim, Deus diz:
“[...]Tiveste
tu compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer, que
numa noite nasceu, e numa noite pereceu;
E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que estão mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais?”
Jonas 4:10-11
E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que estão mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais?”
Jonas 4:10-11
Oro a Deus para que um
dia nós pecadores, fracos e ridículos perante um Deus tão amoroso, possamos
entender que a vontade d’Ele está sobre todas as coisas. Quer isso signifique
um sorriso de alegria, ou lágrimas de dor. Oro para que um dia, sejamos servos
completamente submissos à Vontade do pai, e que possamos nos agradar nisso,
onde quer que essa Vontade nos leve.
Agora,
que estamos apresentados a uma outra perspectiva sobre o que realmente acontece
entre a vontade de Deus e o que achamos ser nossa vontade, a primeira frase foi
realmente necessária?
ótimo!
ResponderExcluirMuito grato.
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