segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Livre Arbítrio: um Delírio.


Em primeiríssimo lugar, você tem livre arbítrio para não ler esse texto daqui em diante, se você acha que isso vai confrontar àquilo que você acredita.

Vivemos, hoje, num tempo em que a maioria das pessoas acredita num tal de livre arbítrio, no qual é possível barganhar com Deus através de jejuns, orações e campanhas absurdas, e que inclusive admite a não soberania de Deus sobre algumas questões humanas, como por exemplo, a conversão e mesmo algumas catástrofes naturais que dizimam milhões de pessoas mundo a fora.
Supondo, então, uma “soberania relativa” de nosso Senhor sobre a criação, como se explicam estes dois versículos?

E agora diz o Senhor, que me formou desde o ventre para ser seu servo, para que torne a trazer Jacó; porém Israel não se deixará ajuntar; contudo aos olhos do Senhor serei glorificado, e o meu Deus será a minha força”.
Isaías 49:5

Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam; que digo: O meu conselho será firme, e farei toda a minha vontade”.
Isaías 46:10

Em Isaías 49: 5, a palavra diz muito claramente: “[...] que me formou desde o ventre para ser seu servo [...]” Ou seja, como alguns cantam por aí, não se escolhe Deus. Ele é quem escolhe, desde muito antes de poder-se escolher qualquer coisa que seja. E em Isaías 46: 10 “Que anuncio o fim desde o princípio, e desde a antiguidade as coisas que ainda não sucederam.”. Ou seja, Ele já sabe as coisas que ainda estão por acontecer. Não importa que seja a morte de uma mãe de família, um tornado, uma torção no tornozelo. Trivial ou catastrófico, Ele sabe e Sua vontade prevalecerá. Mas por que é que existem tantas pessoas acreditando e pregando essa “soberania relativa” de um Deus que é essencialmente soberano?
A resposta pode ser um pouco dolorosa, mas em muitos casos é verdadeira. Não se trata de uma convicção ideológica baseada em estudos teológicos. Trata-se de comodismo. Facilidade. Dificuldade em aceitar o evangelho como ele realmente é. Preguiça de pensar na fé que professa e aceitar conclusões que, para corações humanos (e mesquinhos), soam dolorosas por demais. Esse comodismo, em geral, nasce de mentes que acham que a Graça Divina foi criada para que não haja mais sofrimento neste mundo, ou para acreditar numa justiça divina que transgride os próprios princípios para “[...] que haja vida. E Vida em abundância”.  Afinal de contas Deus é amor, e quando acontece uma tragédia em nossas vidas, o Criador não tem nada a ver com isso.
Até quando as pessoas vão começar pensando assim, e terminar se perguntando “Se Deus é tão poderoso, porque Ele não impediu os tsunamis que mataram milhares de pessoas no oriente?”, por exemplo. E dessa maneira, ir questionando se realmente vale a pena seguir esse Deus. Entender a soberania de Deus é o primeiro grande passo para aceitar melhor as mazelas da vida nesse mundo. Pois Paulo mesmo disse que em tudo seríamos atribulados, mas não angustiados. No caso específico dos tsunamis, Deus tem sim poder para não deixá-los acontecer. Ele é onipotente. Por que Ele deixou acontecer, então? Isso não é da conta de mentes humanas, afinal, diz a Bíblia:

“Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos”. Isaías 55:9  

Acreditar que Deus é onisciente é um ato de Fé, porque raras serão as vezes em que poderemos entender as coisas do jeito que Deus entende.


“Áh!!! Então quer dizer que se eu, hoje, quiser sair da igreja, e fazer o que eu quiser da minha vida, Deus não vai deixar, porque eu não tenho direito de escolha?”

Fui confrontado com essa pergunta pela benção da minha noiva. E a resposta, a princípio, pareceu a mim bastante obscura. Mas hoje, se mostra muito clara. E é: Não!
Existe sim, uma vontade humana que rege as nossas decisões em terra. Comer isso ou aquilo? Ir a essa ou a essa igreja, hoje? Escolher esse ou aquele caminho? Existe uma impressão de que nós escolhemos essas coisas, mas Deus já sabia (já citei a onisciência, né?) Contudo, qualquer decisão que vá interferir no nosso destino eterno, Deus já tomou por nós. Independente do que nós queiramos ou pensemos disso. 

Talvez o maior exemplo disso seja a história de Jonas, que não queria ir pregar em Nínive (achava que ia ser uma furada, cem por cento do povo era pagão, não iriam nem lhe ouvir). Pegou o seu barquinho para Társis, e na nau, devido a uma grande tempestade, foi jogado ao mar, onde uma suposta baleia o engoliu. Lá ele foi guardado por três dias e três noites, no estômago da criatura, e depois foi vomitado na terra firme. Adivinhem vocês, meus queridos, para onde ele foi depois disso? Nínive, é claro. E lá o milagre de Deus aconteceu, pois todos se converteram.
Jonas, como servo do senhor, teve escolha?
O ser humano busca a santificação (que vem do Senhor, através da justificação na cruz), porque a sua escolha natural é o pecado, e a santificação do pecador é propósito de Deus nas nossas vidas. Se fazemos algo bom, ou “escolhemos” algo de Deus para nossa vida, é porque Deus, em sua soberania, com sua vontade santa, boa e agradável, quis isso para nós também. Por isso se diz que Cristo está em nós, e nós estamos em Cristo. Porque não há bondade sem Cristo. Não existe escolha boa para o ser humano, pobre pecador, sem inspiração divina. Se pensarmos o contrário, acharemos que a conversão é um evento natural, que acontece em algumas pessoas que “se tocam” do pecado que vivem, e da salvação que precisam. A salvação é um milagre que Deus faz no coração das pessoas, pois sem o agir de Deus, como poderiam se livrar de seus maus caminhos.
O fim do livro de Jonas é bastante peculiar. Jonas se entristece, porque ele percebe que estava errado e que Deus estava certo (~dããã~) quanto a Nínive. Pois, pelo poder de Deus, através da boca de Jonas, toda uma cidade que fedia a pecado se converteu. Quando Jonas estava curtindo uma fossa, Deus fez com que uma planta nascesse. Jonas se alegrou ao vê-la, mas Deus mandou que um inseto a devorasse. E Jonas mais uma vez se entristeceu, ainda sem entender. Por fim, Deus diz:

“[...]Tiveste tu compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer, que numa noite nasceu, e numa noite pereceu;
E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que estão mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais?”

Jonas 4:10-11
Oro a Deus para que um dia nós pecadores, fracos e ridículos perante um Deus tão amoroso, possamos entender que a vontade d’Ele está sobre todas as coisas. Quer isso signifique um sorriso de alegria, ou lágrimas de dor. Oro para que um dia, sejamos servos completamente submissos à Vontade do pai, e que possamos nos agradar nisso, onde quer que essa Vontade nos leve.


Agora, que estamos apresentados a uma outra perspectiva sobre o que realmente acontece entre a vontade de Deus e o que achamos ser nossa vontade, a primeira frase foi realmente necessária?

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