Não é raro, atualmente,
na reformadosfera da internet, ouvir
que o próprio protestantismo precisa de uma reforma. A maioria dessas
afirmações é feita diante de alguma asneira estelar falada por algum desses pop
stars gospel metidos a pastor, apóstolo, ministro, mestre jedi, ou qualquer que
seja a auto-nomeação que eles mesmos inventam e se dão. Interessante notar que
esse tipo de comentário (precisamos de
uma segunda reforma) é pertinente, porém de uma maneira mais profunda do
que aparenta.
Primeiramente, vamos a uma pequena viagem no tempo, direto para (todos pensando século XVI, mas não,) o século XIV. Já surgiam, desde esse século, movimentos que buscavam uma reforma na Igreja Romana. Os dois reformadores mais famosos desse período, chamado de pré-reforma, foram John Wycliffe e Jan Hus. O primeiro começou a fazer uma versão da Bíblia em inglês (pois era britânico) e, logicamente, como a Igreja Romana vivia de tradição, e não de Bíblia, as contradições surgiram naturalmente. Wycliffe foi julgado e afastado de tudo que pudesse fazer com que ele espalhasse a Palavra; o que geraria problemas para a Igreja herege. Seguindo os ensinamos de Wycliffe, Jan Hus fazia o mesmo e, rapidamente, a igreja descobriu que ele estava pregando a Verdade e logo tratou de silenciá-lo. Hus morreu na fogueira, por causa do evangelho, e esses movimentos que foram silenciados culminam no século XVI.
Para todo protestante, a reforma deve ser entendida não apenas como um movimento religioso de protesto em relação às coisas que não condiziam/condizem com a Palavra, mas sim como uma providência espiritual que Deus toma para conduzir a vida dos seus servos, e assim, trazê-los para perto de Si (mais uma vez, como tantas vezes nos mostra a Bíblia, desde o velho testamento). A Bíblia pode nos mostrar exemplos de como deve funcionar uma reforma, e de porque a reforma protestante foi, acima de tudo, Bíblica.
No livro de 2 Reis, o
rei Josias assumiu o poder em Israel, e tinha uma tarefa complicada com aquele
povo que, nesse momento da história, já estava completamente pervertido
espiritualmente. Os israelitas não viam mais Deus como único digno de adoração
e fizeram o que se chama de sincretismo
religioso, que é seguir a duas ou mais religiões, ou adorar duas ou mais
entidades espirituais, em coexistência, simultaneamente. Josias não seguiu a
mentalidade do povo (e de seus antecessores) e adorou somente a Deus, e
governou visando Seu reino. Mandou que reformassem o templo e, durante a
reforma, o Livro da Lei foi achado lá. Seguindo isso, o rei pediu que fossem a
uma profetisa para perguntar acerca do Livro. Após se consultarem com ela, Josias
juntou todos os homens do reino e leu todas as palavras do livro.
O
rei subiu à casa do Senhor, e com ele todos os homens de Judá, e todos os
moradores de Jerusalém, os sacerdotes, os profetas e todo o povo, desde o menor
até ao maior; e leu aos ouvidos deles todas as palavras do livro da aliança,
que se achou na casa do Senhor.
Após a leitura do Livro
da Lei, Josias fez com que o povo refizesse sua aliança com o Senhor. O que se seguiu
foi um período de santificação da nação: altos foram destruídos, falsos
sacerdotes foram destituídos, toda sorte de sincretismo foi tirado do meio do
povo escolhido de Deus. (Como sempre gosto de ressaltar) as semelhanças do
velho testamento com a era contemporânea são sempre assustadoras. Entretanto,
dessa vez, quero comparar a Israel de Josias com a Igreja Romana do século XVI,
antes da reforma. É de conhecimento comum que as celebrações da Igreja Medieval
eram feitas em latim culto. Em alguns lugares da Europa não se falava mais
latim, quando alguém do povo dominava esse idioma, era mais comum que soubessem
o latim vulgar (a depender da região e classe social). Ou seja, as mensagens
passadas dificilmente seriam entendidas. Além disso, no entendimento de culto
público da época, o centro do culto deveriam ser os sacramentos, não a palavra
e a sua explicação. Pregava-se tudo na Igreja Romana medieval, menos a Bíblia.
Além disso, novamente a história se repetindo, a Igreja medieval tinha se tornado
extremamente sincrética, adaptando práticas e costumes pagãos ao seu conjunto
de doutrinas. Por exemplo, Lutero pregou as noventa e cinco teses no dia trinta
e um de outubro (quando se comemora o Halloween, Hallow’s Evening, ou seja, noite
dos santos). Naquela época, no dia seguinte, seria comemorada a missa dos
mortos, em homenagem a todos os santos da igreja, supostos mártires, que
supostamente, morreram pela fé. O culto aos mortos era um tradição pagã,
adaptada à religião “cristã” medieval, algo que foi muito combatido por todos
os reformadores e que, até porque, o combate às falsas doutrinas com as
verdades do Livro da Lei é explicitamente encorajado na Bíblia.
Porque
muitos enganadores têm saído pelo mundo fora, os quais não confessam Jesus
Cristo vindo em carne: assim é o enganador e o anticristo. Acautelai-vos para
não perderdes aquilo que temos realizado com esforço, mas para receberdes
completo galardão. Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não
permanece, não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem assim o Pai,
como o Filho. Se alguém vem ter convosco e não trás esta doutrina, não o
recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas. Porquanto aquele que lhe dá
boas-vindas faz-se cúmplice das suas obras más.
2
João 7-11
Receber um falso profeta,
um homem que sua o nome de Deus para fins que não foram deixados pelo pai,
sabendo de tudo isso, nos torna cúmplice de suas falácias, que dirá congregar
em igrejas que pregam tais doutrinas.
Dessa forma, entendemos
que reformar não passa só pelo momento de indignação quanto às heresias e à fé
mal pregada e praticada. Uma reforma de verdade, assim como foi feita por
Josias e Lutero, quem que trazer duas características: o redescobrimento da
Palavra de Deus e o redescobrimento da pregação pura da Palavra de Deus.
Toda
a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir,
para corrigir, para instruir em justiça;
A reforma,
indubitavelmente, deve passar por um “momento Bereia”, de análise e reanálise
das escrituras. E não só passar por esse momento, mas permanecer fazendo isso.
Quando vemos a falta de pregação Bíblica nas igrejas hoje, podemos notar o quão
próximos estamos do cristianismo pagão da Igreja Católica Medieval. Esse, sim,
é o motivo pelo qual é necessária outra reforma. O caminho já está apontado; a
Palavra sendo pregada com o máximo de simplicidade e pureza de influências
possível. Recentemente vi uma frase na internet que dizia: “É muita reforma para pouco Lutero, hoje em dia”. Algo assim.
Oro a Deus para que não
seja essa a verdade pela qual essa geração se guiará. Ajamos como verdadeiros
reformadores, buscando a Deus e a sua palavra.
Para quem leu esse post
até aqui, recomendo o seguinte livro de Paulo Anglada, “Reforma: Uma Solução
Divina para a Crise”.
Paz
seja convosco
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