terça-feira, 3 de setembro de 2013

A Oração como Estilo de Vida e o Reflexo na Conduta Cristã



Pode uma igreja cristã, com sua construção baseada na palavra de Deus, tomar atitudes anti bíblicas? Quem respondeu que sim, certa resposta. Através desse texto gostaria de analisar alguns comportamentos anômalos e reprováveis que algumas (a maioria das) igrejas seguem com fervor, criando, assim, uma série de crentes que professam sua fé de maneira errada, porque são enganados por pura malícia, ou por falta de instrução. Como o rol de doutrinas estranhas (termo usado por Paulo de Tarso) é extenso, e seria muito exaustivo analisar uma “(im)possível idoneidade ideológica” de todas essas linhas de pensamento, vejamos apenas um item, que é um dos cernes da fé, do comportamento e do estilo de vida cristãos: a oração.
A oração é o canal direto que temos para nos comunicarmos com o Pai, sabendo sempre que “nem estão seus braços encolhidos para que ele nos conceda o que pedimos e nem seus ouvidos fechados para que não nos ouça”. Entretanto, existem coisas a mais a serem consideradas. Existe uma maneira adequada de orar. No velho testamento, em geral, oração exigia sacrifício de animais, tinha que ser feita dentro do templo, e era um ritual sistematizado. Com a vinda de Jesus, e sua crucificação, temos já feito por nós o sacrifício d’Ele. Hoje nós somos templos, e podemos orar sempre que quisermos, porém, ainda é recomendável que a prática da oração seja sistemática. Ter o hábito de orar é propósito de Deus para o ser humano, isso é claro em diversas passagens da Bíblia. Contudo, além de orar, é preciso orar certo. Orar errado pode prejudicar a fé do crente e ainda deturpar toda uma visão de Deus, de relacionamento com Deus e até
mesmo algumas condutas, além de ser espiritualmente improdutivo.
E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão.
Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente.
E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos.
Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.
Mateus 6:5-8
Neste texto, claramente, existem duas formas de orar. E as duas maneiras falam de motivação e direcionamento da oração. A motivação da oração tem que ser Deus, e não que as outras pessoas vejam como você ora, como você é religioso, como você é espiritual. Oração não foi feita para gerar comentários como: “Olha aquele irmão, como tem a oração forte, ele grita como se não houvesse o amanhã.” Qualquer manifestação que nós façamos que não tenha como único e exclusivo objetivo alcançar os ouvidos do nosso Senhor é naturalmente uma maneira de nos exibirmos de alguma forma. Quando Jesus nos ensina a orar, ele nos ensina a orar em secreto, pois o Pai vê em secreto. É claro que haverá tempos de orar com a comunidade, e orar entre irmãos é importante. Porém, uma doutrina de oração exige momentos a sós com o nosso Criador. Momentos em que possamos conversar pessoalmente com Ele. Além disso, Jesus instrui que Deus já sabe do que precisamos antes de pedirmos, por isso não adianta repetir insistentemente. Embora a oração deva ser uma rotina, ela tem de acontecer dentro da vida cristã, ela não pode ser mecânica. Falar com Deus precisa ser um ato natural. Os versículos que vem em seguida destes primeiros mostram o modelo de oração. O Pai Nosso. Essa oração é um dos ensinamentos mais incríveis, pois, uma vez que a seguirmos à risca (e novamente retomando o versículo passado, isso não significa repeti-la), conseguiremos orar sem ferir nenhum dos princípios divinos.
Ferir princípios divinos na oração, atualmente é bem comum, e o princípio ferido mais frequente e displicentemente é o versículo 10 do capítulo 6.
Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;
Mateus 6:10
Todos querem pedir ao Deus que nos dá tudo quando quisermos. Até a Xuxa.


 Mas na hora de aceitar a vontade do Pai, quando ela for diferente da sua, alguém quer? Não há forma melhor de lidarmos com a vontade divina senão aceitá-la. Tenha em mente sempre que a vida é um jogo de xadrez, e Deus estará sempre com infinitas rodadas de pensamentos à nossa frente. Temos a velha cultura de repetir por aí “Se Deus quiser...” Sempre que ouço isso fico imaginando:
1-     E se ele não quiser?
2-     Por que as pessoas falam “se Deus quiser”, quando na verdade querem que suas próprias vontades sejam feitas?

No filme A Vida de Pi, Piscine (o personagem principal) diz uma frase muito sábia:

“Life is an eternal act of letting go…”

Traduzido, fica algo como: “A vida é um eterno ato de desapego”. Acrescentaria nessa frase apenas a palavra “cristã”. “A vida (cristã) é um eterno ato de desapego”. Bem, deveria ser pelo menos. Desapego daquilo que você quer, para que a vontade de Deus seja feita. Para que o Reino venha. Portanto, é importante sempre ter em mente, podemos pedir qualquer coisa para Deus, inclusive o que não devemos, mas só será feita a vontade de Deus. Nossos pedidos tem que ser condizentes com a vontade do nosso Pai. Um pai ama um filho, e não lhe concederia nada que fosse matá-lo mais cedo ou mais tarde.
Entendendo isso, sigamos para João 14, 13:

E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.
Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.

João 14:13-14

Pedir as coisas em nome de Jesus não é garantia de que vamos receber. Jesus nos concede o que pedimos (assim como ele fez com os apóstolos, contexto no qual o texto se encontra) para que o Pai seja glorificado no Filho. Devemos estar cientes de que as nossas orações, súplicas e pedidos são para honra e glória de Deus. Isso se relaciona diretamente com a vontade do Pai se cumprir, que vimos algumas linhas acima.

Deus expressa seu amor por nós também através da forma como ele mesmo nos ensina a orar. Veja Filipenses 4, 6

Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças.
Filipenses 4:6

Nosso Senhor não quer um amontoado de pessoas ansiosas pelo dia de amanhã. Ele quer pessoas gratas pelo que têm hoje e que confiem que Ele é quem nos sustenta sempre. Além disso, Deus deseja que façamos sim pedidos e súplicas. Ele não quer, por exemplo, que fiquemos repetindo como ladainha declarando em nome de Jesus que tal benção (quase sempre material) seja nossa. O texto é claro, Arnaldo! Nada de declaração! Súplicas e orações. 


Ou por um acaso algum filho declara o que quer para o pai?

Ainda há um ponto muito importante sobre oração, um detalhe que não pode passar despercebido. Existe, ainda, a importância de se conhecer profundamente a palavra, para conhecer a vontade de Deus, para só então pedir com confiança. Prova: 1 João 5, 15:

E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos.
1 João 5:15

Ou seja, se nós sabemos que Deus nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que ele nos concederá nossas petições. Existe uma forma eficaz de saber se Deus está ouvindo o que pedimos, devemos avaliar o que pedimos segundo as Escrituras. Uma vez que nada nas Escrituras prove errados os nossos pedidos, eles provavelmente nos serão concedido, segundo o tempo do pai, é claro.

A própria audição de Deus que é perfeito em tudo quanto faz e é, deve nos deixar calmos. Que outro Deus ouve, desinteressadamente, as suas criaturas? Podermos orar e sabermos que Deus nos escuta, e que cuida dos nossos pedidos com carinho, sejam eles concedidos ou não (pois o não de Deus também é para o bem), é motivo por si só de nos regozijarmos no amor do Pai.

Por fim, após todas essas reflexões, permaneçamos perseverantes em oração como em Lucas 18, 1:

E contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer,
Dizendo: Havia numa cidade um certo juiz, que nem a Deus temia, nem respeitava o homem.
Havia também, naquela mesma cidade, uma certa viúva, que ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário.
E por algum tempo não quis atendê-la; mas depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens,
Todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte, e me importune muito.
E disse o Senhor: Ouvi o que diz o injusto juiz.
E Deus não fará justiça aos seus escolhidos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?
Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Quando, porém, vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?

Lucas 18:1-8

Paz seja convosco.






2 comentários:

  1. Importante e precisa reflexão em tempos em que as bênçãos (98,97% das vezes materiais) que vêm de Deus são mais importantes do que o relacionamento com Ele em si.

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